A inteligência artificial é o grande alvo do estúdio ARVORE, que está numa grande semana graças ao lançamento do aguardado Pixel Ripped 1989, um game que mistura a realidade virtual e a premissa de jogos retro. Nós publicamos uma matéria sobre o game e o seu principal diferencial em meio a tantos jogos do mercado nacional, hoje temos uma entrevista com o pessoal que desenvolveu o projeto, falando sobre os detalhes, desafios e o cenário brasileiro de games.
Para quem não se lembra, o Pixel Ripped é um jogo de realidade virtual em que o jogador deve ajudar a heroína Dot a salvar o mundo da ameaça de Cyblin Lorde, um vilão capaz de ameaçar o mundo digital e o mundo real. Para isso, você encarna a jovem estudante Nicola . O game tem muitas referências a jogos da geração 8-16 bits como Megaman, Battletoads e Sonic.
Pixel Ripped 1989 estará disponível nas plataformas PlaystationVR, Oculus Rift e SteamVR. Aqueles que optarem pela compra antecipada no PlaystationVR e Oculus, poderão comprar o jogo pelo valor promocional de $19.99 dólares. O preço final no lançamento será$24,99 dólares. Haverá também um desconto temporário de lançamento para consumidores da Steam começando no dia 31 de Julho.
Confira abaixo a entrevista sobre Pixel Ripped 1989 com o pessoal do ARVORE:
GameReporter: Como o estúdio ARVORE foi criado? E de onde surgiu a ideia para o nome?
ARVORE: O estúdio foi fundado por Ricardo Justus, Rodrigo Terra, e Edouard de Montmort em 2017 para criar, produzir e desenvolver games e experiências de storytelling imersivo para realidade virtual e aumentada. O nome vem de uma junção das siglas “AR” e “VR” (Augmented Reality e Virtual Reality) aliado ao fato que narrativas interativas são “branching narratives”, como os galhos de uma árvore.
De onde veio a ideia para o desenvolvimento para Pixel Ripped?
No ano 2013, a Ana Ribeiro, nossa Diretora Criativa, viajou para estudar um curso de desenvolvimento de jogos na Inglaterra, e uma noite ela teve um sonho muito revelador. No sonho a Ana estava sentada na frente da TV, jogando um jogo da geração de 16 bit, e ela estava num quarto todo pixelado, a estética do quarto mudava assim evoluíam os gráficos do jogo que a Ana jogava. Até que chegou um ponto que o quarto e os gráficos do jogo tinham o mesmo nível de realismo. Nesse momento a Ana acordou e se deu conta de quanto poderosa era a idéia de mostrar a história dos videogames e desde uma realidade paralela que permitisse até conectar e até entrar dentro deles! Aquela ideia inicial continuou evoluindo até o que hoje em dia é o Pixel Ripped 1989.
Quais foram os maiores desafios durante o processo de desenvolvimento do jogo?
Pelo fato do jogo ter demorado quatro anos para ser desenvolvido, tivemos que adaptar ele aos novos modelos e funcionalidades dos headsets que iam aparecendo com o tempo. Então tivemos que adaptar a tecnologia do jogo para suportar todas essas mudanças. Esse seria o maior desafio, depois desse podemos falar da produção do jogo tendo um time remoto de várias pessoas em diferentes continentes e das dificuldades para achar financiamento para finalizar o jogo.
Soubemos que o game passou por diversos eventos e conquistou alguns prêmios importantes. Vocês ficaram surpresos com o sucesso tão rápido?
Ficamos surpresos sim, o jogo começou como um projeto universitário que nem se pensou como algo para aprender a usar a Realidade Virtual. Quando foi colocado na loja da Oculus e começamos a ter uma grande repercussão na imprensa e os vídeos do jogo conseguiram 5 milhões de visitas em 3 meses a gente se deu conta de que aquele jogo merecia ser desenvolvido como projeto comercial.
Pixel Ripped foi pensado com base na realidade virtual. Quem não possui um óculos vai conseguir jogar o game? Se sim, a experiência será a mesma?
O jogo foi desenvolvido e pensado para realidade virtual, simplesmente ele não pode ser jogado e entendido completamente sem essa tecnologia.
O game tem muitas referências aos jogos dos anos 80-90. Quais foram as principais influências durante o desenvolvimento?
As principais influências são os jogos de plataformas de finais dos 80s e início dos 90s, como as séries Megaman, Sonic e Super Mario Bros, na estética e mecânicas. Mas também tem referências a muitos outros jogos como Battletoads, Tetris ou até Pokémon.
Sobre o cenário de desenvolvimento de jogos no Brasil, a quantas anda a nossa indústria? Dá para viver de jogo?
Na nossa área de VR sentimos que não estamos muito atrás, o Brasil pode sim dessa vez participar do surgimento de uma grande média. Os desenvolvedores do mundo todo estão no mesmo barco, descobrindo tudo agora sobre realidade virtual. Aqui não estamos atrás no desenvolvimento, já existem vários desenvolvedores brasileiros de VR, como a Skullfish, IMGNation, VR Monkey, Black River Studios, a ARVORE foi a primeira empresa brasileira focada somente em experiências imersivas a ser VC funded. A única diferença que percebemos mais desenvolvendo aqui no Brasil é a dificuldade de acesso aos headsets de VR. Não existem representantes das plataformas de Realidade Virtual aqui no país e em consequência disso fica difícil o acesso dos desenvolvedores pros kits de desenvolvimento.
Quais os proximos desafios do ARVORE após o lançamento de Pixel Ripped?
Estamos desbravando e sempre inovando nos meios imersivos, criando projetos que já nascem em realidade virtual. Para isso, temos que prototipar muito e testar muitas coisas novas, integrando diversas tecnologias diferentes. Já temos alguns games de realidade virtual e experiências interativas multi-sensoriais inovadoras no nosso pipeline de desenvolvimento que anunciaremos em breve, assim como as sequências do Pixel Ripped, que vão abordar diferentes eras da história dos games.
Já tem alguns anos que os grandes players dizem que a realidade virtual é o futuro da indústria, mas em nosso país os equipamentos possuem preços proibitivos. Vocês fazem apostas de quando a tecnologia VR será mais acessível aos jogadores médios?
Como qualquer tecnologia nova, os preços rapidamente caem com o tempo e com a adoção de cada vez mais pessoas. Enquanto isso, estamos trazendo essa tecnologia para os jogadores apostando em espaços de entretenimento de Realidade Virtual aqui no Brasil, os chamados LBEs (Location Based Experiences). Acabamos de abrir o Voyager, um espaço no shopping JK Iguatemi em São Paulo onde os visitantes podem jogar e experimentar o estado da arte de VR, incluindo o Pixel Ripped 1989 e outras experiências desenvolvidas pela ARVORE, assim como os melhores games e experiências do mundo de VR. A idéia é abrir diversos espaços desses por todo o Brasil.
O que os jogadores podem esperar de Pixel Ripped? Qual foi o objetivo do estúdio com este game?
O jogo é um projeto feito com paixão e muitos anos de desenvolvimento, criado pela Ana Ribeiro, que além de ser uma força criativa em pessoa, lutou muito para fazer o game acontecer e nunca desistiu. Ela estava desenvolvendo o game praticamente sozinha quando no final do ano passado trouxemos ela para dentro do estúdio, investimos no game e demos um time para terminarmos o game juntos. Não tínhamos a menor dúvida sobre isso, é um projeto do qual já éramos grandes fãs antes mesmo da Ana vir para a empresa. É cheio de surpresas, easter eggs, referências aos games do passado, ao mesmo tempo sendo super criativo e original. Não tem nada em VR parecido com ele. Além disso é uma viagem nostálgica que vai tocar qualquer um que viveu essa época dos anos 80. E é um jogo que nasceu em VR, para VR, e nem faria sentido se não fosse em VR. O nosso estúdio sempre procura projetos assim, que tem esse DNA original e que só seriam possíveis em realidade virtual, e que trazem algo novo para o meio.