Imagine um processo seletivo em que o cargo pleiteado é ser um jogador de videogame profissional, com direito a salário e tudo o mais. Essa é a ideia da Behive, startup criada com o intuito de formar equipes profissionais de e-sports e competir no cenário mundial de e-sports.
A ideia é ambiciosa e o processo seletivo está a todo vapor, na verdade a última etapa ocorre neste final de semana na Unidade Guarulhos da Escola Saga. No local, 60 candidatos concorrem as 10 vagas de emprego como cyber atleta. Tudo o que eles devem fazer é jogar League of Legends em condições intensas do ponto de vista técnico e emocional, e uma entrevista individual. Os escolhidos integram os dois times criados pela Behive.
“O tryout é só mais uma etapa de um modelo absolutamente inovador de montagem de time de e-Sports no Brasil, e abre um novo capítulo na história dos cyber atletas”, diz Anderson Lourenço, um dos idealizadores da Behive.
A Behive deve agir como uma instituição esportiva, como os times de futebol profissional. Ou seja, eles contratam talentos, dão treinamento, firmam contratos com os atletas e passam a gerir a carreira profissional, além de inscrever os membros do time em competições mundiais e nacionais dos games que estiverem treinando. A meta é vencer os milionários torneios que surgem ao redor do mundo.
Parte do trabalho da Behive já está pronto: já existe o técnico do time, no caso o experiente cyber atleta Guilherme “Necro” da Silva, que já foi técnico da equipe paiN Gaming, que também jogo LoL profissionalmente. “Vou fazer o trabalho de um verdadeiro treinador: pegar talentos da base e transformá-los em campeões. Esse é o meu desafio pelos próximos anos na Behive”, afirma.
Os 60 candidatos saíram de um processo que perdura desde o mês de abril e contava com cerca de mil candidatos inscritos pela página da Behive no Facebook. Para chegar nesta fase os candidatos precisavam ser maiores de idade até janeiro de 2015 e passar por uma avaliação de perfil comportamental.
“A ideia é de trabalho e cooperação, como acontece numa colmeia (hive, em inglês) onde as abelhas trabalham de forma organizada e harmônica para o bem-estar comum. Por isso também a junção com be, do verbo ser em inglês”, explica Miriam, master coach da Behive.
Evidentemente, a Behive está de olho nas gordas premiações que campeonatos de e-sports oferecem aos vencedores. Este ano, a final do Campeonato Mundial de LoL foi no Sagam, um dos estádios da Copa do Mundo de Futebol de 2002, na Coréia do Sul, e a equipe vencedora faturou US$1 milhão. Ocorreram outros campeonatos semelhantes ao redor do mundo. Imagine quanto dinheiro uma equipe bem estruturada e capacitada pode lucrar, se vencer diversos campeonatos?
A Behive pretende ainda que o centro de treinamento seja diferente das chamadas gaming houses. No caso, o que vai ser feito é uma gaming office, ou seja, um escritório montado de maneira lúdica, mas que não lembra um ambiente doméstico. A intenção é transformar uma equipe de e-sports em negócio mesmo.
“Inspiramos-nos nas outras modalidades esportivas, em que os atletas vão para seus clubes treinar, mas voltam para suas casas e levam uma vida social como qualquer outra pessoa”, explica Lourenço. “Dessa forma, também estimulamos nossos atletas a continuarem seus estudos”, acrescenta Miriam.
Os dez selecionados pelo tryout começam a ‘trabalhar’ em janeiro de 2015, quando será anunciada a localização do escritório e outras informações sobre o espaço, horários de treinamento etc. Os jogadores da Behive também terão remuneração mensal e outros direitos comuns aos trabalhadores brasileiros. Inicialmente, os dez jogadores irão compor dois times de LoL e a expectativa é de, em 2015, disputarem o Campeonato Brasileiro de League of Legends e, em 2016, vencerem alguma competição.
A fase final de seleção – o Tryout – aconteceu no último final de semana (15 e 16 de novembro), na Saga Guarulhos, às 8h30, com uma apresentação da master coach Miriam Tsugawa, e um briefing do técnico Necro. Os dez selecionados serão conhecidos na semana de 17 a 21 de novembro.