No último final de semana (19 e 20 de outubro) a cidade de São Paulo sediou a terceira edição do evento The Union, evento organizado pela Saga em parceria da Gnomon e recém-criada escola Axis. O The Union consolidou-se como o maior evento latino americano dedicado a efeitos visuais e concept design, pois reuniu estudantes e autoridades da área. Quem vai ao The Union pela primeira vez se surpreende com a quantidade de visitantes, ávidos por adquirir conhecimentos sobre o mercado de computação gráfica, ferramentas mais utilizadas e novidades do setor.
Para garantir que a experiência seja a melhor possível, os organizadores do evento escalaram célebres profissionais do ramo, como o simpático Cecil Kim (God of War) e o mestre Neville Page (Avatar), o carisma de Ian Joyner, entre outros que realizaram palestras para contar um pouco de suas experiências e suas técnicas para alcançar os efeitos visuais mais embasbacantes já vistos. O auditório do WTC ficou pequeno para as mais de 4 mil pessoas que passaram ao longo dos dois dias de evento para conhecer de perto os sete artistas presentes.
Entre os pontos altos do evento, destaque para o vídeo apresentado por Neil Huxley, diretor de criação da Digital Domain, que apresentava cenas impressionantes que foram retiradas de filmes, propagandas e games. Ainda durante a apresentação Huxley dissecou como são feitas animações para games e cinema. Quem esteve presente pôde comprovar que a criação de animações não é apenas divertida como muito requisitada. Todas as palestras e workshops tiveram tradução simultânea e foram realizados no belo auditório do World Trade Center em SP.
Outro ponto de destaque foi a apresentação de Alex Nice, especialista em matte painting, que contou como foi seu trabalho em arrasa-quarteirões como 2012 e The Amazing Spider-Man. A surpresa ficou com a exibição em primeira mão de novas imagens do filme Sin City: A Dante to Kill For. O primeiro dia do The Union terminou com os ensinamentos do sábio Scott Spencer, que aproveitou seu tempo para falar sobre técnicas de modelagem em ZBrush e Photoshop. Para quem não conhece, Spencer ficou conhecido graças a seus trabalhos em The Hobbit e Iron Man.
O segundo dia do The Union foi especialíssimo para os gamers , graças a participação do Cecil Kim, que tem em seu portfólio trabalhos realizados em games de sucesso como God of War, Twisted Metal e Final Fantasy. O profissional falou sobre sua carreira bem sucedida e seus novos projetos no setor. Apesar do foco do The Union ser a indústria de cinemas, os jogos digitais também tiveram seu espaço, provando que um profissional de arte digital pode trabalhar também com games.
Afinal de contas, outro artista que deu as caras foi Brandon Young, lead VFX da Blur Studios. Young foi um dos responsáveis pelas cinematics de games como Dantes’s Inferno e Bioshock, por exemplo. Foi uma verdadeira aula. Ao final do evento, subiu ao palco Neville Page, considerado o melhor concept artist e creature design de Hollywood. Em sua terceira visita ao Brasil, Page discorreu sobre como faz para criar algumas das criaturas mais bizarras do cinema e alguns dos designs mais detalhados já criados como nos novos filmes de Star Trek e Avatar. Neville Page encerrou sua apresentação revelando que os brasileiros o inspiram e o torna um profissional melhor e uma pessoa melhor. Emoção não faltou, quando a pedido de Neville o público presente se cumprimentou em sinal de confraternização. Por fim, todos os artistas tomaram o palco para um debate e responder perguntas da plateia.
O debate foi mediado pelo Marcelo Forlani do Omelete e ainda contou com participações especiais de estúdios de cinema brasileiro e também dos sócios fundadores da Saga e da Gnomon, Alessandro Bonfim e Alex Alvarez, respectivamente. O debate rendeu, pois foram levantadas questões sobre a diferença entre o jeito de se fazer cinema nos EUA e no Brasil, levando-se em consideração as limitações que temos de tempo, orçamento e tecnologia disponível. Ao fim chegou-se a conclusão que eventos como o The Union ajudam a levar mais conhecimento sobre arte digital para o Brasil.
“Uma boa história não tem preço. Vocês têm que se preocupar em ter uma boa história, e não em criar uma história em torno de milhões de dólares” disse Neil Huxley ao final do encontro, resumindo qual deve ser o espírito das empresas e produtores brasileiros ao criarem suas produções. Do lado de fora do auditório haviam estandes da Walcom, da Adobe e do Omelete que exibiam seus produtos relacionados ao mercado de filmes para o público presente.
Para encerrar, o evento rolou uma bateria de sorteios de brindes, como pacotes da Adobe, canetas e em seguida uma bem vinda sessão de fotos com os artistas. O balanço final evidenciou que o The Union realmente cresceu e ganhou muita importância nos últimos anos, pois conta com nomes de peso e duas das maiores escolas de arte digital nos bastidores. O esperado é que o The Union 2014 seja ainda maior e conquiste cada vez mais público. Quem foi não se arrependeu.