ANCINE permanece paralisada. Como isso impacta a indústria de jogos eletrônicos?

Na última semana a ANCINE (Agência Nacional do Cinema), que já está em processo de reestruturação desde 2019 quando o atual governo de Jair Bolsonaro assumiu o Planalto, anunciou ainda em 2019 uma medida que assustou parte da comunidade de produtores de cinema: a paralisação de todas as análises do plano gestão anual de 2020. Conforme já analisado pelo site O Globo, a ação deve começar a impactar a produção de filmes a partir do segundo semestre deste ano, mas se seguir neste ritmo apresentará todo seu impacto a partir do segundo semestre de 2020.

De acordo com matéria publicada pelo Tecmundo em agosto de 2019, a Ancine já vinha capengando a olhos vistos, de modo que a produção de filmes estavam completamente paradas pela falta de recursos advindos da FSA (Fundo Setorial do Audiovisual). Normalmente a verba é liberada no início do ano e ao longo de todo o ano passado nenhum edital foi publicado, cenário que deve se repetir em 2020, visto a paralisação das análises do plano gestão permanecem. Nada de filmes da Bruna Surfistinha, conforme promessa de campanha, tá ok? Mas e como isso impacta a indústria de games?

Conforme bem lembrado pelo Drops de Jogos, a ANCINE conta apenas com um dos quatro diretores em seu quadro de funcionários e para a análise da produção de audiovisual é necessário que haja deliberação coletiva, conforme regimento interno da instituição. Um despacho do dia 30 de dezembro, apurado pela revista Época, deixa bem claro que as atribuições da agência permanecem suspensas.

Atualmente, o único diretor da agência é Alex Braga e sua vida não está fácil devido a desentendimentos com membros do governo. Uma vez que a produção de filmes, algo de extrema importância cultural, é ignorado, o que dizer da produção de jogos eletrônicos? Há quem ainda veja os jogos eletrônicos como meras distrações sociais e em um momento de contenção de gastos é improvável que algum edital beneficiando os produtores de jogos seja publicado, mesmo em um hipotético cenário em que a ANCINE contasse com seus quatro diretores.

“É essencial investir neste promissor mercado, valorizando inclusive a diversidade de produção criativa brasileira, o que estamos fazendo ao promover cotas regionais nos editais”, afirmou, à época, o então ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão.

De acordo com apuração do Drops de Jogos, ainda no final de 2018, sob o governo Temer, a ANCINE publicou edital disponibilizando R$ 35 milhões para a produção e comercialização de jogos e projetos de VR e AR. Os dias de glória ficaram para trás, agora são os dias de luta.

KOHQ – Spcine abre 2ª edição de concurso de games inspirados em HQ

A relação entre videogames e quadrinhos já é bastante antiga e rendeu produtos memoráveis, tais como Tomb Raider, Comix Zone e Injustice. Talvez pensando em como games e quadrinhos combinam, a Spcine abriu o edital para o KOHQ, um concurso que desafia os desenvolvedores a criar games mobile a partir de uma história em quadrinho. Esta é a segunda edição do evento e as inscrições já estão abertas.

Para participar do KOQH você deve se inscrever rapidamente, pois a primeira seletiva termina amanhã (5 de setembro) e é voltada apenas para quadrinistas. De acordo com a Spcine, neste ano tem duas novidades: os donos dos direitos dos quadrinhos podem ser de qualquer parte do Brasil; e os dois primeiros colocados recebem o mesmo prêmio.

Na edição de 2017, as vagas eram reservadas apenas para quem residia em São Paulo. O objetivo é dar as mesmas chances para todos e contemplar criadores de todo o Brasil. Sobre a premiação: os dois primeiros colocados levam o valor de R$ 80 mil cada. O detalhe é que os estúdios de games continuam precisando estar sediados na capital paulistana por ao menos três meses.

Os vencedores terão cinco meses para produzir o game. O lançamento oficial será durante a Comic Con de 2019. O estúdio Webcore foi o vencedor da primeira edição do KOHQ. A equipe desenvolveu o game mobile baseado na HQ Timo, de Raul Aguiar.

A expectativa é que o edital atraia desenvolvedores talentosos, capazes de dar novo formato para quadrinhos nacionais. Quem sabe até expandindo o público que lê os quadrinhos vencedores. Não deixe de acompanhar o site da Spcine.

Abaixo você confere as etapas do concurso KOHQ da Spcine:

 

– 22/8 a 5/9: Inscrição dos Quadrinistas

– 10/9 a 25/10: Inscrição dos Estúdios de Games

– 29/10: Anúncio dos quatro finalistas

– 5/11 a 5/12: Produção dos Protótipos Finalistas

– 5 a 10/12: Divulgação dos protótipos finalistas no estande da Spcine na CCXP 2018

– 19/12: Anúncio dos vencedores

– Jun/2019: Entrega dos game mobiles

Flux Game Studio produz jogo inspirado na animação do pinguim Oswaldo e vence o edital da Spcine

No mês de junho saiu o resultado do edital Batalha Animada da Spcine, que tinha como objetivo desenvolver um jogo para celular a partir de uma animação nacional. A concorrência foi pesada e rendeu alguns jogos realmente interessantes. Quem se saiu bem mesmo foi o pessoal da Flux Game Studio que apostou no carisma do pinguim Oswaldo, uma animação criada pela produtora Birdo Studio que narra a história de um pinguim que foi achado e criado como gente por um casal carioca.

O game da Flux vai mostrar as desventuras de Oswaldo ao iniciar o 6º ano do colégio. Tal como na animação, o game terá muitas referências da cultura nerd e geek dos anos 80-90. De acordo com os desenvolvedores, o jogo será baseado em uma brincadeira de rua, transpondo suas mecânicas icônicas para o celular.

Nas duas etapas de seleção do edital, a Flux Game Studio esteve na primeira colocação entre todos os participantes e, para o segundo semestre a produtora promete lançar a versão final do projeto em parceria com a Birdo Studio. O orçamento do jogo foi garantido com o prêmio conquistado no Spcine: R$ 80 mil. A expectativa é lançar o jogo até o mês de outubro para Android e iOS.