Que o Brasil é campeão de impostos, todo mundo já sabe. E “ai” daquele que não pagar suas contribuições ao governo. Se há algo que podemos fazer livremente é protestar. E é justamente em forma de protesto que a Frente Nacional contra o Aumento de Impostos criou o jogo Star Pato, um título bem humorado e parte da campanha “Não Vou Pagar o Pato”. Para tornar o game ainda mais notório, os organizadores do protesto deixaram-no disponível para gameplay em um grande painel de LED instalado no prédio da Fiesp, na Avenida Paulista, em São Paulo.
O gameplay é claramente inspirado no clássico Space Invaders, o sucesso dos anos 70, e possui 5 fases. Ao invés de uma nave espacial, o jogador controla um pato e deve exterminar uma série de impostos cobrados abusivamente, como combustíveis, eletrodomésticos, automóveis, energia elétrica e a revoltante CPMF. Além de Space Invaders, Star Pato tem algo de Star Wars em seu design de arte.
Na Fiesp, os jogadores podem acessar o game através de controles posicionados em frente à sede da Federação. Quem não puder ir até lá, mas quer conhecer esse projeto, basta acessar a versão de, ou pelo celular. De acordo com os organizadores, o objetivo dessa campanha é conscientizar a sociedade sobre os altos impostos já pagos em produtos e serviços e evitar novos aumentos da carga tributária.
Ao que parece, essa campanha está surtindo um efeito muito positivo: a página da internet “Não Vou Pagar o Pato” já recolheu mais de 880 mil assinaturas. Quando chegar em um milhão de assinaturas, o abaixo-assinado será encaminhado ao Congresso Nacional, para desespero de Dilma e seus amigos
No próximo dia 05 de outubro o Brasil passará por um exercício da democracia exercido por todos nós. É a data da eleição para presidente, governador, deputados e senadores. Muitos não têm um candidato escolhido, pois a verdade deve ser dita: o brasileiro médio tem pouco interesse por seus próprios direitos.
Como o voto é uma parte importante do processo democrático e é por meio dele que definimos nosso futuro, nada mais sensato do que depositar a confiança em candidatos que defendam nossos próprios interesses. Como todos sabemos, os políticos não simpatizam muito com a causa gamer (estou pensando em você, Marta Suplicy), e jamais houve qualquer movimento da parte deles em mudar a tributação acerca dos jogos eletrônicos, até agora.
Candidato a Deputado Federal, o Carlos Carrasco defende sua candidatura e auto-proclama-se “O Candidato dos Gamers”. De acordo com ele, suas intenções são defender a indústria nacional de jogos eletrônicos e os interesses dos jogadores, ou seja, impostos mais justos e melhores condições para que o desenvolvedor local possa trabalhar por aqui e alavancar a indústria nacional.
Carrasco tem 36 anos e é bacharel em Direito, possui MBA em Direção de Empresa e Mestrado em Filosofia do Direito. Com essa formação, e gamer desde os 3 anos, o candidato está ciente das dificuldades para baratear os games e os consoles, mas promete empenho para tornar as propostas em realidade.
Confira abaixo nossa entrevista com Carlos Carrasco. Mais informações sobre seus projetos dentro e fora da indústria dos games pode ser conferida no site de sua campanha.
GameReporter: Porque decidiu se candidatar? Há muito incentivo dos jogadores em sua candidatura? Carlos Carrasco: Sei que no Brasil, por um pais melhor, muito precisa ser feito em diversas áreas; mas, resolvi me candidatar a Deputado Federal por São Paulo para lutar pela causa gamer, por diversos motivos:
1) Sou gamer desde meus 3 anos de idade, e, portanto como consumidor final, estou cansado de pagar preços abusivos.
2) Vejo que a classe politica não esta dando a devida atenção e importância ao segmento.
3) Não me conformo com o fato de que nossos profissionais da área de games tenham a sensação de que “nasceram no país errado”:
4) Com todo este potencial na área de games, o Brasil não pode ficar inerte no verdadeiro processo de gamificação do ensino; bem como, tb é necessário desmitificar o RPG e os cards games (que também podem ser utilizados como ferramenta poderosa na educação);
5) O Brasil não pode e não deve nadar contra a maré no que tange a ampliação dos e-sports;
6) Acredito que o case dos games no Brasil quanto a redução da carga tributária, se der certo, tem tudo para servir de modelo para a tão sonhada reforma tributária.
Quanto a minha campanha, estou concorrendo pela primeira vez a um cargo eletivo, posso afirmar que ela é limpa e modesta, não há auxilio financeiro de empresas e/ou empresários, esta sendo feita basicamente através das redes sociais (internet), mas, quando meus amigos gamers souberam que eu era candidato a Deputado Federal por São Paulo e que eu defenderia a causa gamer recebi muitas palavras de incentivo, principalmente pelo fato de eu realmente ser gamer e conhecer bastante nossas necessidades.
GameReporter: Sua plataforma defende a redução de impostos para games (hardware e software). Você acredita que suas propostas serão levadas a sério, visto que muitos políticos ignoram o setor, como o recente caso da Marta Suplicy? Carlos Carrasco: Sim, minha principal plataforma esta relacionada à causa gamer: redução da carga tributária dos games e agregados, desenvolvimento da indústria nacional de games, revitalização da educação através da gamificação do ensino, e, ampliação dos e-sports.
Só conseguiremos isso e muito mais em etapas. Antes de tudo é necessário conscientizar a classe política de que games não são mero entretenimento e sim atividade cultural, bem como demonstrar a sua aplicabilidade em outros setores e os benefícios ao desenvolvimento humano devidamente comprovados; sem deixar de mencionar e provar, através de números que o Brasil é o quarto país no mundo que mais movimenta o mercado de games. Mapear o que, eventualmente, já esta em trâmite e/ou parado no Congresso e Ministérios, e o que já está em vigor. Em posse de todas as informações, inclusive de outros Estados Brasileiros, com auxílio de todas as pessoas envolvidas no segmento gamer (no que tange a ideias, sugestões, experiências, vivências, etc) promover reuniões/audiências públicas mostrando nossa força/engajamento e seriedade para então finalmente elaborar projetos de lei, atrelados à políticas públicas, necessários à efetivação de minha plataforma política.
Não é uma tarefa fácil, muito precisa ser feito para termos um país melhor, estou ciente que não dependera só de mim, pois, para um projeto de lei ser aprovado e ter validade em todo território nacional é necessário aprovações na Câmara dos Deputados, Senado e Sanção Presidencial. Mas, com seriedade, habilidade, paciência, perseverança, postura, vivência e preparo intelectual, acredito que minhas propostas serão sim levadas à serio. E, nesse caso além de todos esses predicados nada melhor do que um Deputado Federal gamer para esta missão.
Não há garantias de que conseguirei colocar em prática as minhas ideias, nesse sentido não faço promessas, mas, se eleito, tenho certeza que os brasileiros poderão comprovar o meu empenho e dedicação para que minhas propostas, enquanto candidato, venham a se tornar realidade, bem como na apreciação e contribuição positiva em outras questões relevantes ao país.
Acredito que no cenário politico nacional, a partir deste ano, uma série de transformações está para ocorrer. Há prognósticos de renovação, mudanças na forma de pensar, e, de fazer politica; o que, em verdade, só depende do eleitor no exercício de sua cidadania através do voto consciente.
GameReporter: Como pretende incentivar a produção de games nacionais? Carlos Carrasco: Cabe aqui, uma pequena introdução. Pretendo reduzir a carga tributária dos games e agregados utilizando como base o modelo que deu certo no México, vinculando, uma eminente duplicação ou triplicação da arrecadação (mesmo com a carga tributária mais baixa) por parte do Governo, ao reinvestimento desse excedente arrecadado em outras áreas do mesmo segmento, ou seja, no desenvolvimento nacional da indústria dos games (em todos os profissionais envolvidos no processo de desenvolvimento), na gamificação da educação, e, na ampliação dos E-Sports.
Muitas coisas já existem, estão a disposição do segmento gamer para a área de desenvolvimento, porém, precisamos desburocratizar os processos junto ao BNDES permitindo que a competição para eventual concessão de benefícios esteja ao alcance de todos. Investir no desenvolvimento de games precisa se tornar algo mais estável. Muitos empresários deixam de patrocinar, pois julgam ser uma área de risco em que não há formas de mensurar eventual retorno. Acredito que politicas públicas voltadas à criação de incubadoras de tecnologia para que as pequenas em dar seus primeiros passos com diminuição de risco é um dos caminhos para mudança deste cenário. Pretendo, se eleito, também manter um portal atualizado com todas as informações mapeadas para o segmento, com contato direto para troca de informações, ideias, e sugestões por parte de todos profissionais ligados ou não ao segmento, e eleitores em geral.
Tal medida gerará mais empregos, contribuirá na educação e formação dos futuros cidadãos, gerando riquezas, possibilitando a expansão exponencial do segmento (quiçá, com isso, possibilitando melhorias em outras áreas de interesses públicos) e desenvolvimento nacional.
GameReporter: Algumas empresas tentam investir no Brasil, mas acabam abandonando a ideia por conta dos impostos. É possível trazê-los para cá mesmo que não se possa reduzir os impostos?Carlos Carrasco: Precisamos, através de projetos de lei, enfim, políticas públicas específicas, não só criar um cenário favorável às pequenas, médias empresas e desenvolvedores individuais nacionais, como também, gerar condições para que as empresas estrangeiras também se interessem em se instalar definitivamente no Brasil, o que certamente nos trará dividendos.
Quero deixar consignado que é possível diminuir a carga tributária dos games e agregados sem impactar negativamente a economia, atrelando o reinvestimento do excedente arrecado (proveniente dos impostos que serão mais baixos) em prol do próprio setor.
Acredito que a questão do custo Brasil não e o único motivo pelo qual as empresas acabam abandonando a ideia de investir em nosso país.
Mas, hipoteticamente, ainda que não tenhamos êxito em reduzir os impostos, certamente através da união do segmento gamer, chegaremos em outras alternativas para alavancar o setor. Muitas coisas podem ser feitas, muitos progressos podem ser alcançados, através de legislação especifica que independem de recursos pecuniários estatais.
Exemplo: ampliação dos e-sports (incubadoras de atletas), criação de clubes gamers, etc. Com o investimento certo, dedicação e treinamento conseguiremos criar “incubadoras” de atletas e o tão sonhado reconhecimento dos jogadores como atletas profissionais.
GameReporter: Além da redução dos impostos, há outras medidas que possam beneficiar o setor? Carlos Carrasco: Sim, há diversas medidas. Uma das atribuições de um Deputado Federal consiste em “lutar” para que as verbas arrecadadas pelos Estados e direcionadas à União retornem aos seus Estados e/ou através de legislação especifica sejam aplicadas em segmentos de suma importância para a sociedade. E, nesse caso, sem deixar de considerar o mencionado nas minhas respostas anteriores (uma vez entendido que todos os itens de minha plataforma politica estão, em verdade, relacionados e interligados) fazer com que parte da verba destinada à educação seja aproveitada na gamificação do ensino, bem como, em universidades e escolas voltadas ao setor gamer/digital, também através de legislação específica.
Para quem não tem conhecimento, a verdadeira gamificação da educação consiste em transformar parte do conteúdo programático das escolas em games, o que criará um ambiente favorável à aprendizagem, uma vez que as novas gerações já nascem digitais e não analógicas como no passado. É um fenômeno que daqui a aproximadamente 3 anos já estará implementado em definitivo nos países desenvolvidos e o Brasil não deve e não pode ficar inerte nesse processo. Para que haja sua efetiva aplicação, precisaremos capacitar as escolas, ou seja, colocar computadores nas que ainda não possuem, capacitar o professor para manusear os equipamentos e lecionar usando os games, ter uma pessoa em cada escola que seja o suporte digital, ou seja, que tenha conhecimento suficiente sobre como lecionar com games; ter segurança nas escolas, para evitar possíveis subtrações dos aparelhos. Então, mostro aqui que não é simplesmente desenvolver conteúdos e aplicá-los através de games, há todo um trabalho de estruturação e capacitação que é necessário ser feito e isso leva um tempo. E só estando na máquina para poder planejar e poder projetar o tempo de efetivação do projeto, mas deve-se levar em conta que a máquina é burocrática e é preciso vencer diversas barreiras internas. Teremos que ter o engajamento da classe politica em todas as esferas.
O Vale cultura, por exemplo, sendo utilizado na compra de games parece algo possível de ser alcançado, principalmente ao conscientizar a classe politica de que os games assim como o cinema e a música são essenciais à nossa difusão cultural contemporânea, e que como tal também merecem ter seu espaço garantido com incentivos fiscais, verbas destinadas especificamente ao setor, garantidores de futuras produções nacionais, mas de formas acessíveis a todos.
GameReporter: Há quanto tempo joga videogames? Quais seus jogos favoritos? Carlos Carrasco: Atualmente com 36 anos de idade, sou gamer desde meus 3 anos de idade. Tenho orgulho de ter vivenciado a evolução dos games.
Jogos que marcaram minha vida: Gyruss, Bomb Jack, Tokio Scramble Formation, Keystone Kapers, H.E.R.O, Bulls vs. Lakers, Winning Run, World Circuit, Indianapolis 500, Mad Dog McCree, Crime Patrol, John Barnes European Football, Pinball Dreams, Pinball Fantasies, Suzuka 8 hours, Manx TT Super Bike, Freddy Hardest, Team Fortress, Forza 2, Gran Turismo 3, Out Run, Daytona USA, Age of Empires 2, Geometric Wars, Out of this World ou Another World, Flashback.
Atualmente tenho jogado: Fifa 14, Left 4 Dead 1 e 2, Formula1 2013, Grid, Geometric Wars 1 e 2, Team Fortress 2, Insurgency e Age of Empires 2.
(obs: não estão em ordem cronológica, quanto a jogos sou eclético, fora o PC tenho diversos consoles os quais uso muito atualmente para jogos exclusivos; esta lista, fiz sem parar para pensar pq certamente muitos outros jogos marcaram a minha vida. No STEAM tenho perfil há mais de 10 anos).
Ainda que a ministra da Cultura, Marta Suplicy, tenha mostrado pouca afeição à causa gamer, ainda podemos dizer que existem pessoas de influência no poder público que estão interessadas nos jogos eletrônicos. Prova disso é a audiência pública a ser realizada no próximo dia 27 de maio no plenário 13.
O intuito da pauta na Câmara é discutir “O setor de jogos eletrônicos e digital no Brasil” e sua relevância no país, além de apontar como a indústria nacional está em franco crescimento. Tal audiência pública deve-se às deputadas Luciana Santos e Alice Portugal.
Ficou definido que no dia 27 de maio às 14h30 o presidente da Acigames, Moacyr Alves Jr. irá realizar palestra para discutir o mercado de jogos do Brasil. Vale reforçar que a deputada Luciana Santos encaminhou a pauta para a câmara solicitando que fossem convidados nomes importantes como o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clélio Campolina; o Secretário de Economia Criativa do Ministério da Cultura, Marcos André; o Diretor do Departamento de Indústria, Ciência e Tecnologia da Secretaria de Telecomunicações, do Ministério das Comunicações, José Gustavo Gontijo; os criadores do jogo Galinha Pintadinha; entre outros.
Espera-se que com a audiência pública, o setor de jogos digitais seja visto com mais seriedade pelos governantes. Até porque o mercado nacional já representa o quarto maior do mundo no setor, movimentando mais de R$ 5,3 bilhões em 2012. Vamos torcer para que essa audiência tenha repercussão positiva e ajude a alavancar o mercado nacional de uma vez por todas.