Hoje vamos falar sobre um dos jogos que tem a cara e o espírito do Brasil: Huni Kuin: os caminhos da jibóia, um título desenvolvido pela tribo Kaxinawá que conta as memórias dos pagés da tribo originária do coração da Amazônia. O game foi desenvolvido com o intuito de mostrar a cultura indígena para aqueles que têm interesse em conhecer mais sobre as lendas indígenas e seu modo de vida.
Sim, voce não leu errado, a tribo Huni Kuin (ou Kaxinawá) desenvolveu um jogo eletrônico, que pode ser baixado gratuitamente. Trata-se de um jogo de plataforma 2D dividido em cinco episódios (Yube Nawa Aibu, Siriani, Shumani, Kui Dume Teneni e Hua Karu Yuxibu), onde os jogadores devem encarnar um jovem indio e enfrentar desafios como enfrentar cobras, salvar irmãos índios e desbravar as matas fechadas. Cada fase conta uma antiga história do povo Huni Kuin.
Mulheres da tribo Huni Kuin
“Um casal de gêmeos kaxinawá foram concebidos pela jiboia Yube em sonhos e herdaram seus poderes especiais. Um jovem caçador e uma pequena artesã, ao longo do jogo, passarão por uma série de desafios para se tornarem, respectivamente, um curandeiro (mukaya) e uma mestra dos desenhos (kene). Nesta jornada, eles adquirirão habilidades e conhecimentos de seus ancestrais, dos animais, das plantas e dos espíritos; entrarão em comunicação com os seres visíveis e invisíveis da floresta (yuxin), para se tornarem, enfim, seres humanos verdadeiros (HuniKuin).”
A proposta é propiciar uma imersão no universo HuniKuin, em que os jogadores possam entrar em contato com saberes indígenas – como os cantos, grafismos, histórias, mitos e rituais deste povo – possibilitando uma circulação destes conhecimentos por uma rede mais ampla. Inclusive a equipe de programadores auxiliou os índios a construir painéis solares para que os jovens Kaxinawá também pudessem ter acesso ao game.
O título possui gráficos cartunescos e uma jogabilidade simples, de modo que qualquer um pode apreciar o jogo, que é exclusivo para PCs. A equipe de desenvolvimento foi liderada pelo antropólogo e game designer Guilherme Meneses, que acredita que a tecnologia deve ser utilizada como ferramenta para preservação cultural do povo indígena Kaxinawá. Voce pode baixar o game exclusivamente para PCs aqui.
Sobre a tribo Huni Kuin
O jogo Huni Kuin foi possível graças aos esforços da equipe Beya Xinã Bena, grupo formado por indígenas em 2014 com o objetivo de reunir, fomentar e difundir as produções audiovisuais dos Huni Kuin do Rio Jordão.
A tribo é adepta da chamada Dau Kauin (medicina verdadeira), que mostra o conhecimento das plantas de cura do povo Huni Kuin através de ayahuasca, chacrona e rapé. A tribo é uma das mais respeitadas na fronteira entre o Acre e o Peru.
Abaixo tem um vídeo falando mais sobre o projeto Huni Kuin:
Games que exploram o folclore brasileiro são raros e só por isso merecem atenção quando surgem, afinal de contas a gente sempre fica tão antenado no que sai lá fora que por vezes esquecemos que tem tantos games nacionais sendo lançados. Nossa indicação chama-se Projeto Lua, um game que surgiu como projeto de conclusão de curso de alguns alunos do Curso de Jogos Digitais da FMU, em São Paulo.
Projeto Lua ainda é um protótipo, ou seja, ainda não está com todo o seu potencial explorado, contudo vamos falar dele mesmo assim por causa de sua ambientação e o baita serviço que faz ao retratar um pouco do nosso folclore. O game tem uma trama fictícia, porém fortemente inspirada na literatura indianista de José de Alencar (O Guarani, Iracema e Ubirajara), além de elementos da cultura indígena. Em outras palavras, uma maneira bem peculiar de aprender um pouco sobre os nativos do Brasil.
Na pele do índio Jaci, filho do Deus Lua, o jogador deve se aventurar em meio às florestas para desvendar os segredos que se ocultam por trás de sua tribo. Além disso, o herói precisa restaurar a paz em sua aldeia com a ajuda do medalhão sagrado, que está perdido. Para isso, Jaci contará com a ajuda dos amigos Iara e Pajé.
Entretanto a vida do índio não será das mais fáceis, pois terá de enfrentar a temida feiticeira Cuca que enfeitiçou diversos animais da floresta. Outro perigo é a influência maligna do espírito de Anhangá, que vive para semear a discórdia entre os habitantes da tribo de Jaci.
Nesta versão protótipo, a equipe de desenvolvimento esforçou-se para criar pequenas quests, entretanto essas pequenas missões representarão apenas partes de puzzles na versão final. O jogador terá de executar tarefas diversas durante a jornada, tais como coletar seiva de arvores para consertar uma canoa e depois descer corredeiras; descobrir o que está deixando os animais doentes etc.
De acordo com os desenvolvedores, a intenção com Projeto Lua era de criar uma ferramenta que pudesse contribuir para com a educação indígena em um ambiente escolar. Elementos para que isso ocorra existem aos montes, afinal o jogo consegue retratar histórias lendárias desses povos e apresentar artefatos e a cultura indígena das tribos da Amazônia.
Conforme informamos, ProjetoLua é um protótipo que merece atenção especial. Não espera um primor gráfico e nem nada muito elaborado, mas sim um game que tenciona cativar o jogador com seu enredo e folclore tão bem explorados. Quem quiser testar o game, basta ir até o site oficial, pois lá tem um link para download. Depois não se esqueça de mandar um recado para os desenvolvedores contando o que achou do game!