Os videogames têm uma história complexa no Brasil. Por muito tempo, foram associados a jogos de azar e à violência entre jovens, o que resultou em atitudes desfavoráveis que poderiam ter prejudicado sua popularização entre os brasileiros. No entanto, contrariando todas as expectativas, os games prosperaram no país. Apesar das taxações pesadas impostas por sua classificação como jogos de azar e dos desafios da importação e entrada de marcas no mercado brasileiro, o panorama sombrio está prestes a mudar de vez, graças a Lei Paulo Gustavo.
A Lei Paulo Gustavo e o Reconhecimento dos Games
Inicialmente voltada para garantir ações emergenciais no setor cultural durante a pandemia da Covid-19, a Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar nº 195/2022) agora abrange a destinação de recursos financeiros da União para projetos culturais por meio de chamamentos públicos, prêmios e outras formas de seleção pública. Recentemente, os videogames foram incluídos no decreto presidencial que regulamenta a Lei Paulo Gustavo, o que foi homologado no Diário Oficial em 11 de maio de 2023.
No decreto sancionado pelo presidente, os games foram categorizados como apoio à produção audiovisual, especificamente como produção de games. Embora essa classificação esteja mais voltada para o aspecto técnico do que artístico, essa inclusão representa um grande avanço na discussão sobre o papel dos videogames na cultura brasileira. Além disso, pode impulsionar ainda mais o setor de desenvolvimento de jogos brasileiros, que se destaca pela sua riqueza e qualidade.
A Natureza Artística dos Jogos
A discussão sobre a natureza dos videogames não é recente e tem sido cada vez mais debatida tanto dentro quanto fora dos círculos acadêmicos. Não é incomum considerar os jogos eletrônicos (e outros tipos de games) como objetos artísticos, transcendendo o mero entretenimento. De fato, os produtores de jogos têm investido cada vez mais na direção artística de seus produtos, seja visualmente, por meio de trilhas sonoras cativantes ou enredos que rivalizam com os melhores roteiros do cinema e das séries.
Além disso, os jogos oferecem uma experiência imersiva única na atualidade. Ao manipular e controlar os jogos, o jogador se envolve ativamente, em contraste com o formato passivo de receber informações, como no cinema e séries. Isso transforma o jogo em uma forma de arte em movimento, cujo ápice só pode ser alcançado por meio da interação do jogador.
Um Mercado Bilionário em Crescimento
A mudança de perspectiva em relação aos jogos não é resultado apenas das discussões sobre sua natureza artística. A verdade é que o mercado de videogames é um dos maiores do mundo, superando até mesmo a indústria cinematográfica, e sua ascensão no Brasil é cada vez mais evidente.
Com números impressionantes, o mercado global de jogos já ultrapassa a marca de US$ 197 bilhões e a previsão é que alcance quase US$ 300 bilhões até 2027. O Brasil não fica para trás nessa tendência, mesmo com os desafios enfrentados pelo setor. Atualmente, o país figura entre os 10 maiores consumidores de games do planeta, com um mercado que já ultrapassa a marca de US$ 2,5 bilhões.
Além do crescimento do mercado de jogos em si, não podemos ignorar a popularização dos e-sports, que ganham cada vez mais destaque e atraem um público apaixonado. Torneios milionários estão ocorrendo ao redor do mundo, inclusive no Brasil, e esse fenômeno só reforça a importância e o potencial econômico dos videogames.
Diante desses valores expressivos e da incontestável popularidade dos jogos, tanto os governos quanto a indústria estão atentos a esse setor promissor. Essa maior compreensão e valorização dos videogames estão pavimentando um caminho mais próspero e menos hostil para o mercado no Brasil.
O que muda com a lei?
A Lei Paulo Gustavo, ao incluir os games em sua regulamentação, abre portas para investimentos e incentivos direcionados à produção de jogos. Essa medida fortalece ainda mais a indústria nacional de desenvolvimento de games, impulsionando o setor técnico e artístico e estimulando a criação de novos projetos inovadores e cativantes.
O futuro dos videogames no Brasil é promissor. Com uma base de fãs apaixonada e crescente, um mercado em expansão e uma nova legislação que reconhece seu valor cultural e econômico, os jogos estão conquistando seu espaço merecido na cultura brasileira. Com mais recursos, investimentos e apoio governamental, a indústria de games tem tudo para florescer e continuar encantando jogadores de todas as idades e perfis.
Prepare-se para uma nova era dos videogames no Brasil, em que a criatividade, a tecnologia e a paixão se unem para criar experiências únicas e envolventes. Afinal, os jogos são muito mais do que meros entretenimentos. São formas de arte interativas que nos transportam para universos fantásticos e nos conectam de maneiras emocionantes.
Texto por: Fernando Paixão Rosa