Lula lança cartilha com propostas para o setor de games no Brasil

Os videogames certamente são um mercado promissor para investimentos e como área profissional. Contudo, ouvimos isso o tempo todo, mas pouco investimento foi realizado a fim de transformar o país em um mercado maior para os games. Para que o mercado seja aquecido é necessário que políticas públicas sejam retomadas a fim de atrair o investimento estrangeiro. Neste sentido o candidato a presidência da república, Luiz Inácio “Lula” da Silva, fez um importante aceno para o setor.

Lançada a poucos dias, a cartilha “Lula Play” conta com diversas propostas de políticas públicas para o setor de jogos eletrônicos no Brasil. O documento foi elaborado por uma comissão formada por profissionais de diferentes áreas ligadas ao videogame. O texto reúne informações de um setor que faz parte não apenas da cultura digital, como também possibilita o desenvolvimento tecnológico e a geração de emprego e renda.

A iniciativa de criar a cartilha partiu do Instituto Lula, que em maio deste ano convidou especialistas para discutirem a questão. Entre as demandas apresentadas pelos gamers está a regulamentação da profissão, com garantia de direitos para os trabalhadores da indústria indie, a criação de cursos técnicos e de ensino superior para desenvolvedores de jogos – para que cada vez mais homens e mulheres possam desenvolver jogos digitais –, a revisão da legislação de banda larga, extinguindo o limite de dados e melhorando a velocidade de conexão entregue pelas operadoras de telecomunicação, entre outras.

Caso o Lula seja eleito e as propostas consigam apoio dos parlamentares, espera-se ver um avanço significativo do setor de jogos eletrônicos em poucos anos. Afinal, muito do que impacta o setor é a burocracia e a falta de visão de muitas pessoas de que os videogames sejam uma arte inferior. Nos últimos meses vimos que lideranças políticas estão mais atentas ao setor.

A cartilha Lula Play pode ser baixada gratuitamente aqui.

FGV DAPP promove debate sobre jogos e política

Já faz alguns anos que é possível ver discussões arraigadas sobre política nos grupos e fóruns de discussões dedicados a jogos eletrônicos. Muita gente vê com maus olhos esse clima político e frases do tipo “que chato, estão politizando até grupo de videogames” se tornaram muito comuns. Entretanto debater política nesses grupos não é tão descabido assim, pelo menos é isso o que a Diretoria de Análises de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP) pensa. A instituição promoverá nos dias 28/01, 04/02 e 11/02 um ciclo de webinar online para debater games e política.

A ideia é embasada seguindo a linha de que os jogos, tal como outras formas de cultura, têm propósitos diversos no meio político e integram o debate público, embora, até recentemente, a relação entre jogos e política tenha sido pouco reconhecida. De acordo com os organizadores, as eleições americana e brasileira de 2020 colocaram em evidência os jogos digitais como espaço de interlocução e a necessidade de aproximação e diálogo com o público gamer. Inclusive quem esteve antenado pôde conferir jogos eletrônicos independentes cujo os personagens principais foram extraídos diretamente do ambiente político.

O Ciclo de Webinar Jogos, Comunicação e Política do Games + Digital Lab, aborda as relações entre jogos e política a partir de três perspectivas diferentes: a estratégia política em torno do público gamer, o sexismo nos ambientes de jogo e a pauta de questões sociais a partir de jogos digitais.

O foco da série de debates é compreender os jogos e as formas de interação associada e eles como parte do cenário cultural, político e social contemporâneo. Nesse contexto, pesquisadores da FGV DAPP e convidados discutem os games tanto como formas quanto como ambiente para a expressão de ideias, a partir dos jogos multiplayer e das práticas de streaming, por exemplo.

Abaixo você confere as datas e os debates específicos de cada dia. Vale lembrar que é necessário fazer a inscrição no site da FGV, sendo que o link é  único de inscrição para as três datas do ciclo.

 

Programação:

28/1 Ciclo Jogos, Comunicação e Política | Gamers e mobilização política

Na primeira mesa do evento serão debatidos as utilizações dos jogos, das práticas de jogos e da cultura gamer, como forma de estratégia política, e o engajamento desse público, a partir de mídias digitais emergentes. Dentre os temas abordados estão: a importância de novos meios de comunicação nesse cenário e do diálogo com novos públicos; o papel do streaming de jogos e dos comunicadores e influenciadores no debate político com público jovem; e a influência e mobilização da cultura gamer no cenário político.

Moderadora: Luiza Santos – Pesquisadora da FGV DAPP

Palestrantes: Thiago Falcão – Professor da UFPB e coordenador do GP em Games da Intercom; Henrique Antero – Representante do Nautilus; Marco Ruediger – Diretor da FGV DAPP; e João Varella – Fundador da editora Lote 42 e da Banca Tatuí.

 

4/2 Ciclo Jogos, Comunicação e Política | Jogando como uma garota

A mesa temática “Jogando como uma garota” propõe uma discussão sobre a discriminação de gênero no ambiente de jogos digitais a partir de três questões centrais. Os eixos a serem debatidos são: a discriminação e a violência contra jogadoras mulheres no meio online, a experiência feminina na cultura de streaming de jogos brasileira e a situação da mulher na indústria da tecnologia.

Moderadora: Luiza Santos – Pesquisadora da FGV DAPP

Palestrantes: Gabriela Kurtz – Professora da Escola de Comunicação, Artes e Design da PUCRS; e Gabi Catuzzo – Streamer e criadora de conteúdos de videogames

 

11/2 Ciclo Jogos, Comunicação e Política | Debates sociais nos games

Temas políticos são recorrentes nos jogos digitais, que apresentam temáticas de cunho social a partir de elementos como a narrativa, as mecânicas de jogo e o game design. Mas, qual o papel dos jogos digitais na proposição de temas para o debate público? Compreendendo os jogos digitais como elementos da cultura, durante essa mesa estarão em debate as possibilidades de abordagem de temas de cunho social nos jogos digitais; como a indústria de jogos se configura e se organiza em torno dessas temáticas; os desafios na abordagem de temas polêmicos com o público gamer; e o potencial de mobilização de temas contemporâneos através de jogos digitais.

Moderador: Lucas Roberto – Pesquisador da FGV DAPP

Palestrantes: Beatriz Blanco – Designer, professora e pesquisadora especializada em infografia, conteúdos educativos, games e cultura digital; e Ken Levine – Fundador e diretor criativo da Ghost Story Games

 

Serviço – Ciclo Jogos, Comunicação e Política

Datas: 28/ 1, 4/2 e 11/2

Onde: Youtube FGV

Link de inscriçãohttps://evento.fgv.br/gamesepolitica

ANCINE permanece paralisada. Como isso impacta a indústria de jogos eletrônicos?

Na última semana a ANCINE (Agência Nacional do Cinema), que já está em processo de reestruturação desde 2019 quando o atual governo de Jair Bolsonaro assumiu o Planalto, anunciou ainda em 2019 uma medida que assustou parte da comunidade de produtores de cinema: a paralisação de todas as análises do plano gestão anual de 2020. Conforme já analisado pelo site O Globo, a ação deve começar a impactar a produção de filmes a partir do segundo semestre deste ano, mas se seguir neste ritmo apresentará todo seu impacto a partir do segundo semestre de 2020.

De acordo com matéria publicada pelo Tecmundo em agosto de 2019, a Ancine já vinha capengando a olhos vistos, de modo que a produção de filmes estavam completamente paradas pela falta de recursos advindos da FSA (Fundo Setorial do Audiovisual). Normalmente a verba é liberada no início do ano e ao longo de todo o ano passado nenhum edital foi publicado, cenário que deve se repetir em 2020, visto a paralisação das análises do plano gestão permanecem. Nada de filmes da Bruna Surfistinha, conforme promessa de campanha, tá ok? Mas e como isso impacta a indústria de games?

Conforme bem lembrado pelo Drops de Jogos, a ANCINE conta apenas com um dos quatro diretores em seu quadro de funcionários e para a análise da produção de audiovisual é necessário que haja deliberação coletiva, conforme regimento interno da instituição. Um despacho do dia 30 de dezembro, apurado pela revista Época, deixa bem claro que as atribuições da agência permanecem suspensas.

Atualmente, o único diretor da agência é Alex Braga e sua vida não está fácil devido a desentendimentos com membros do governo. Uma vez que a produção de filmes, algo de extrema importância cultural, é ignorado, o que dizer da produção de jogos eletrônicos? Há quem ainda veja os jogos eletrônicos como meras distrações sociais e em um momento de contenção de gastos é improvável que algum edital beneficiando os produtores de jogos seja publicado, mesmo em um hipotético cenário em que a ANCINE contasse com seus quatro diretores.

“É essencial investir neste promissor mercado, valorizando inclusive a diversidade de produção criativa brasileira, o que estamos fazendo ao promover cotas regionais nos editais”, afirmou, à época, o então ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão.

De acordo com apuração do Drops de Jogos, ainda no final de 2018, sob o governo Temer, a ANCINE publicou edital disponibilizando R$ 35 milhões para a produção e comercialização de jogos e projetos de VR e AR. Os dias de glória ficaram para trás, agora são os dias de luta.