Toren é um jogo que vale a pena ser jogado?

Por Victor Cândido

Foram quatro anos em desenvolvimento! Após toda essa espera, Toren finalmente chegou ao mercado para PC e PS4. Valeu a pena? Em resumo: o jogo do estúdio Swordtales possui grades acertos, mas comete alguns erros que não justificam a longevidade da produção.

Os maiores destaques de Toren é a narrativa e o visual que elevam o jogo para um status “cult”. Diferente de muitos jogos AAA, Toren esbanja um visual diferenciado com um cenário artisticamente bem trabalhado, vivo e bonito com muitos efeitos visuais e elementos do cenário se movendo o tempo todo como a vegetação, os pássaros etc. Os poucos personagens do game também são muito bem desenhados. Neste aspecto Toren é um prato cheio para os olhos.

Toren conta a historia da “Criança da Lua”, cujo objetivo é subir a torre (que dá nome ao jogo), a fim de salvar a humanidade de seu fim certo. A garota é guiada por uma espécie de entidade espiritual chamada “Mago”, que também acaba proporcionando muitos momentos filosóficos e poéticos ao jogador. Naturalmente esses momentos filosóficos foram influenciados pelas obras de Fumito Ueda (Ico é a mais clara).

A historia é contada de maneira não linear, de modo que ela passa por diversas fases da vida da criança, começando como um bebe até a sua fase adulta, com muitas nuances envolvendo flashbacks e sonhos deveras confusos. Mesmo assim, a narrativa não deixa de ser interessante, pois tudo é poetizado com textos escritos de maneira enigmática e com diversos significados. As animações do jogo também são belas. O destaque vai para a cena que mostra o nascimento da Árvore da Vida no início do jogo, a cena é uma das mais bonitas do jogo.

Na parte sonora o jogo possui um acervo que se encaixa bem com as animações tristes e para as cenas mais animadas. Entretanto, há momentos em que simplesmente há falta de sonoplastia no jogo. Há alguns momentos, por exemplo, em que você golpeia um inimigo e ouve-se o som da espada acertando o oponente, mas inexplicavelmente há momentos em que você bate nas criaturas e nenhum som é emitido.

Toren possui um visual bonito, mas cai na armadilha de muitos jogos atuais: foram quatro anos de desenvolvimento e ainda assim é notória a falta de polimento final. Existem bugs preocupantes em Toren, como no caso em que após uma derrota a personagem estava flutuando no cenário ao invés de retomar a aventura. Outro bug ocorrido (muito irritante, por sinal) foi durante uma das batalhas contra o dragão: o jogo entende que você foi alvejado e perdeu a vida, mas na realidade a personagem sequer havia sido atingida pela rajada da criatura. Além desses, há outros erros bisonhos que senão atrapalham a jogatina, servem para tirar a paciência do jogador.

A jogabilidade do game é muito simples, ela consiste em utilizar a espada para lutar contra inimigos e resolver alguns puzzles, até aí é uma fórmula que muitos outros jogos seguem. O problema é que Toren se atrapalha com a sua própria física: o combate corpo a corpo é pouco trabalhado e na maioria das vezes você bate no vazio, pois a movimentação da personagem não ajuda em nada. O problema é multiplicado devido à bugs de colisão. Outro problema é a falta de desafio: você termina Toren com um pouco menos de 2 horas e, acredite, termina-lo não é nem um pouco difícil. Os puzzles possuem objetivos diferenciados, mas podem ser descritos como simplistas: em geral você empurra objetos como plataformas e contorna símbolos no chão com um pó místico durante as passagens nos sonhos.

Ao final a pergunta é: Toren é um jogo que vale a pena ser jogado?

O objetivo de se tornar um jogo fora do normal, com um estilo gráfico bonito e uma história fantástica demonstram o potencial da Swordtales e sem dúvidas são os pontos fortes do jogo. Contudo se você é desses que joga algo esperando perfeição saiba que a experiência de Toren peca pela falta de polimento, além disso, é normal encontrar bugs aqui e acolá. Infelizmente o excesso de problemas tira o brilho de Toren já que o seu visual é um dos principais pontos fortes.

Pode-se traçar uma comparação com o recente Assasin’s Creed Unity, da Ubisoft, pois ambos são jogos que de tão carregados de bugs tornam-se irritantes em movimento, mas perfeitos quando parados. Outro ponto a mencionar é a duração do jogo: duas horas de jogo não é necessariamente um defeito se a experiência for satisfatória, algo que não acontece em Toren. A aventura em seu geral é rasa. Ela tenta ser épica, mas tropeça em seus quesitos técnicos. Se você quer sentir como a indústria de jogos brasileiros está evoluindo, vale a pena e por isso vale a aquisição. Mas se você é do tipo mais exigente, é triste dizer que Toren não é seu jogo.

Pontos fortes: as influencias de Fumito Ueda funcionam.

Ponto fraco: a aparente falta de polimento final comprometem os quatro anos de produção.

Toren

Big Festival 2015 recebe público recorde na terceira edição

O BIG Festival 2015 conseguiu um recorde que nem mesmo os organizadores esperavam: o a terceira edição do evento bateu recorde de público.  De acordo com a organização, o evento atraiu mais de 12.600 visitantes, cerca de 4.600 pessoas a mais que a edição anterior.  Além disso, foram mais de 1.600 participantes no fórum de negócios e mais de 600 reuniões de negócios entre desenvolvedores brasileiros e empresas compradoras do Brasil e exterior.

Estes resultados demonstram interesse crescente por parte da comunidade gamer em relação aos jogos independentes. Durante o evento, foram apresentados 50 jogos independentes para o público que passou pelo Centro Cultural. “Esse foi o ano de consolidação do evento” diz Eliana Russi, organizadora do Festival.

A expectativa é que as próximas edições sejam ainda maiores e recebam um público maior. Vale destacar que neste ano o BIG contou com uma expansão no Rio de Janeiro, na Firjan, onde ocorreram palestras e a participação dos vencedores do Festival. Entre as atrações internacionais estavam David Brevik, criador de Diablo 1, 2 e Marvel Heroes, e Ina Jang, CEO do Cross Fire, jogo de tiro mais jogado no mundo.

Tal como divulgado aqui no GameReporter, o grande vencedor do BIG festival 2015 foi o jogo “This War of Mine”, da desenvolvedora polonesa 11 Bits Studios, que venceu os prêmios de Melhor Jogo do Ano e Escolha Popular. Além, dele, Toren, da Swordtales venceu na categoria Revelação Brasil. Esses jogos já conseguiram a aclamação da crítica, logo é lógico afirmar que o grande público passe a conhece-los mais a fundo.

 

Balanço: como foi o BIG Festival 2015

O BIG Festival 2015 encerrou suas atividades neste final de semana, coroando os melhores jogos independentes da temporada. O grande vencedor do evento foi o polonês “This War of Mine”, da produtora 11 bits studios, que ganhous os prêmios de Melhor Jogo e Voto Popular. Trata-se de um survival que coloca o jogador no papel de civis que devem sobreviver em um ambiente assolado por conflitos militares. O game ganhou boa recepção de público e crítica por seu enredo pesado e arte majestosa.

Outro grande vencedor da noite foi Toren, da desenvolvedora gaúcha Swordtales, pois ele foi premiado na categoria Revelação Brasil. Isto significa que ele é considerado o melhor game indie brasileiro. No BIG Starter, o jogo Relic Hunters Zero, da Rogue Snail Games, recebeu o prêmio de Melhor Jogo de Entretenimento, e o jogo Fófuuu, da Beltri Studios, levou o prêmio de Melhor Jogo Educacional.

Os prêmios para os vencedores foram generosos: R$ 15 mil para o Melhor Jogo; R$ 15 mil para a Revelação Brasil, oferecido pelo Cartoon Network; R$ 10 mil para o Melhor Jogo Educacional; R$ 5 mil para o ganhador do Voto Popular. Não por acaso que essa terceira edição do BIG bateu alguns recordes importantes: foram mais de 690 jogos inscritos no evento, representando 43 países. Assim, o BIG Festival tornou-se um dos maiores eventos de jogos independentes do mundo.

Muito mais importante que a premiação, o BIG têm se mostrado um bom lugar para apresentar jogos obscuros para a grande massa. Alguns jogos se tornaram nacionalmente famosos após participar do BIG, como Aritana e a pena da Harpia, Toren e Papo & Yo, só para citar alguns.

Além disso, o evento é uma boa oportunidade para os desenvolvedores firmarem novas parcerias, pois os jogos independentes estão cada vez mais importantes para as grandes empresas do mercado de jogos eletrônicos. Quem sabe algum dos jogos apresentado no BIG Festival 2015 não acaba recebendo um port para um dos consoles da atual geração?

Vale mencionar também que o BIG teve o tradicional BIG Starter, em que times de desenvolvedores apresentavam seus projetos, recebiam um feedback e tentava convencer um corpo de jurados o porquê mereciam que seu jogo recebesse um investimento. No júri, estavam Carlos Estigarríbia, da RightZero; Gilson Schwartz, da Games for Change; Jason Della Rocca, da Execution Labs; Jefferson Valadares, da Bandai Namco; Lucas Rocha, da Fundação Lemann; Mario Lapin, da Virgo Games; e Pedro Waengertner, da Aceleratech/ABRAII. O BIG Starter, é o ponto alto do evento e serve para as pessoas conhecerem jogos que ainda são projetos em andamento.

Sem mais papo, vamos aos vencedores:

MELHOR ARTE
Lumino City, da State of Play Games (Inglaterra)

MELHOR SOM
Inside My Radio, da Seaven Studio (França)

MELHOR NARRATIVA
Dead Synchronicity: Tomorrow Comes Today, da Fictiorama Studios (França)

INOVAÇÃO
Event[0], da Ocelot Society (França)

MELHOR GAMEPLAY
Okhlos, da Coffee Powered Machine (Argentina)

MELHOR JOGO EDUCACIONAL
Learn Japanese with Tako, da Grogshot Games (Espanha)

REVELAÇÃO BRASIL
Toren, da Swordtales

VOTO POPULAR
This War of Mine, da 11 bit studios (Polônia)

MELHOR JOGO
This War of Mine, da 11 bit studios (Polônia)
Os vencedores do BIG Starter foram:

MELHOR JOGO DE ENTRETENIMENTO
Relic Hunters Zero, da Rogue Snail Games por Mark Venturelli

MELHOR JOGO EDUCACIONAL
Fófuuu, da Beltri Studios, por Bruno Tachinardi e Trícia Araújo